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29 agosto 2011

Dor e indignação em Santa Teresa

46xsgeod1vvz733x0ivvl1qkvEstávamos para iniciar a celebração eucarística vespertina no Concílio Diocesano em Araras, quando chegaram as primeiras notícias do acidente com o bondinho de Santa Teresa. Contatos telefônicos feitos imediatamente confirmaram a tragédia. Nosso Bispo Diocesano imediatamente colocou as vítimas na lista de intercessões e o Concílio reunido manifestou sua solidariedade ao povo de Santa Teresa em oração.
Nossa comunidade paroquial, no ofício de ontem, dirigido pelo nosso Ministro Frei Fabiano, fez oração  intercessora pelas vítimas e demostrou sua indignação com o acidente.
Hoje à noite, ao retornar para casa, busquei maiores informações sobre o fato e confirmaram-se as minhas suspeitas: a falta de manutenção devido a irresponsabilidade governamental e o desrespeito para com a população de Santa Teresa.
Fiquei muito triste com a morte do Nelson, o motorneiro gentil e atencioso que sempre trocava cumprimento comigo quando eu embarcava ou passava por ele na rua.
A perícia levará 30 dias… tempo suficiente para que o assunto seja “esquecido” pela mídia e, provavelmente colocarão a culpa no Nelson, ou em alguém que jogou uma casca de banana nos trilhos… vamos ver se relatam sobre o uso de arames improvisando conserto nos freios, como foi denunciado em uma notícia:
“O bondinho que descarrilou e tombou em Santa Teresa neste sábado, matando cinco pessoas e ferindo 57, tinha um pedaço de arame no lugar de parafuso debaixo da sapata do freio. Era, aparentemente, uma improvisação da equipe de manutenção da Central, empresa que administra o sistema de transporte sobre trilhos no bairro.”
NelsonNo mesmo site, há notícia que o bonde acidentado havia sofrido outro acidente, uma hora antes (clique aqui). Foi feita vistoria sobre o estado do veículo, ou ele simplesmente permaneceu em operação? ninguém deu explicação sobre isso… também o poder público tem sido omisso com a situação de superlotação dos bondes…
Com efeito, foi uma tragédia anunciada”, como declarou uma moradora: há muito que se reclama da manutenção dos bondes, e é conversa certa em Santa Teresa que há interesse em facilitar a ocorrência de problemas com os bondes para desapontar a população e justificar a privatização dos serviços. Obviamente que a privatização faria do sistema de bondes algo exemplar, porém com fins exclusivamente turísticos, portanto caríssimo, excluindo da população do bairro o acesso ao serviço.
Fazer o bem púbico chegar à condição de sucata tem sido uma estratégia utilizada pelos promotores de privatizações: tornando os serviços públicos ineficientes, cria-se insatisfação do povo que apoiaria a privatização.
É muito suspeita – e lacônica – a declaração do Governador do Estado, responsável último pela situação dos bondes; entre outras coisas, “(…) o Governador determinou que o transporte por bondes no bairro fique interrompido e que a Secretaria de Transportes conduza um plano de modernização dos bondes (...)” 
Por quanto tempo se dará a suspensão dos serviços? que modernização será essa? porque não foi feita antes ou iniciada? ainda terão de fazer  “planos”? quer dizer que se não fosse o acidente não haveria modernização? como fica a situação da população usuária do bonde, um meio barato para se chegar rapidamente ao centro do Rio? Haverá mais ônibus disponíveis? qual a tarifa? O serviço de bondes é uma amostra do desrespeito e descaso com que a população de Santa Teresa é tratada pelo poder público, que gostaria de fazer do bairro apenas um local de exploração turística, sem moradores.

Oferecemos nosso templo para um ato religioso ecumênico, em memória das vítimas e solidariedade a seus familiares! Ficamos à disposição da AMAST  e demais organizações populares do Bairro, para compor uma grande aliança em favor dos nossos direitos de cidadãos e o respeito para com o nosso bairro.
Rev. Luiz Caetano, ost+
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23 agosto 2011

Celebrando os 94 anos da Comunidade

A comunidade paroquial comemorou seus 94 anos com quatro celebrações em ação de graças, de 31 de julho a 21 de setembro. Pregadores convidados participaram das celebrações e deixaram mensagens encorajadoras para que a comunidade olhe em novas direções e reforce sua vocação de serviço no contexto onde estamos localizados. Nas celebrações foram lembrados os ancestrais da comunidade, clérigos e lideranças leigas do passado, nos momentos de oração e memória ancestral.

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Assim  no dia 31 de julho, tivemos a visita do Rev. Eduardo Coelho Grillo, Reitor da Paróquia Episcopal São Lucas (Botafogo), que deixou uma mensagem de esperança e confiança, ressaltando a vocação dos discípulos de Jesus em preocupar-se com as outras pessoas, no sentido de estarem a serviço das necessidades dos outros, inspirado no texto de São Mateus sobre a  multiplicação dos pães (Mt 14.13-21), conforme o lecionário para aquele domingo.

Cleber 2011 08 07No dia 7 de agosto, recebemos a mensagem do Rev. Cleber Diniz Torres, Pastor Titular da Igreja Presbiteriana Independente da Penha Circular, que fazendo uma retrospectiva histórica da nossa comunidade, ressaltou sua presença em Santa Teresa como comunidade aberta e de serviço desde seus primórdios. O Rev. Cleber, que em tempos de seminário colaborou com o Rev. Luiz Caetano no CLAI (Conselho latino-Americano de Igrejas) mostrou sua emoção por estar ao lado de seu velho amigo celebrando a Eucaristia.

No dia 14 recebemos a Visita Episcopal de Dom Filadelfo, que em sua mensagem abordou os aspectos da diversidade anglicana e de nossa abertura ao diálogo e cooperação ecumênica. O Bispo Diocesano enalteceu a proposta pastoral de acolhimento e diversidade da São Paulo Apóstolo, afirmando que a comunidade, com tal espírito de abertura ao seu contexto local, busca caminhos novos de pastoral para os tempos da pós-modernidade no meio urbano. Também no dia 14 recebemos a visita de três diretoras da União de Senhoras Evangélicas de Ação Social (veja Notícias), uma entidade da qual a nossa Paróquia é parceira (veja Diaconia).

Ac Ribeiro 2011 08 21 (2)Finalmente, no dia 21 de agosto, a mensagem foi ministrada pelo Rev. Antônio Carlos Ribeiro, Pastor da Comunidade Martin Luther (Centro do Rio), da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil. O Pastor Antônio Carlos falou dos talentos recebidos pela Igreja incentivando a comunidade a manter-se aberta aos novos desafios e investir os talentos concedidos por Deus no testemunho, sendo uma igreja aberta, inclusiva e presente nos novos desafios da missão. O Pastor Antônio Carlos, no início de agosto, assessorou a abertura do Curso de Teologia do CAET (Centro Anglicano de Estudos Teológicos, da nossa Diocese), evento que também foi hospedado pela Paróquia no contexto de seu aniversário.

Infelizmente não pudemos contar com a presença dos Corais que havíamos anunciado. Por problemas de espaço físico, decidimos adiar a apresentação do Coral da PUC, uma vez que o tamanho do Coral criaria dificuldades para seu posicionamento no Templo sendo celebrada a Santa Eucaristia. O Coral da PUC fará uma apresentação especial em nossa Paróquia, em data ainda a ser definida, fora do contexto litúrgico, em uma atividade especial ainda em organização e que contará com a presença de outros corais. Todavia, o Coral da Igreja Presbiteriana de Copacabana informou-se uma hora antes do ofício, que o Conselho daquela Igreja não autorizou sua apresentação; isso trouxe constrangimento à nossa congregação e lamentamos a indelicadeza de não nos darem essa informação com a devida antecedência.

Nosso Ministro Coadjutor, Rev. Daniel Cabral Jr, foi o responsável pela organização do nosso mês de aniversário. A ele nosso agradecimento e cumprimento. Também queremos registrar nosso agradecimento aos ministros de Deus que acolheram nosso convite para dirigir a Homilia nas celebrações: Rev. Eduardo, Rev. Cleber e Rev. Antônio Carlos.

A partir do próximo ano pretende-se que a Paróquia organize a contagem regressiva para seu centenário, em 2017. A meta mais arrojada para o Centenário, será a restauração completa do templo. Esperamos iniciar em breve uma campanha nesse sentido, bem como dar andamento às providências para o tombamento do edifício.

Rev. Luiz Caetano, ost+

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08 agosto 2011

Renova, Senhor, a tua Igreja …

OrandoRenova, Senhor, a tua Igreja, começando por mim!”; a frase é conhecida nos devocionais ecumênicos como Oração dos Cristãos Chineses. Não sabemos exatamente sua origem, mas isso agora não importa.

Essas palavras foram escolhidas pelo nosso Bispo Diocesano como Lema do 70º Concílio da Diocese Anglicana do Rio de Janeiro, que acontecerá em Araras, município de Petrópolis, ao final deste mês de agosto.

Mais que uma transformação, esse brado clama por uma renovação da Igreja, um nascer de novo!  O nosso Bispo, portanto, ao apresentar este lema conciliar, pretende que o Concílio promova o novo nascimento da nossa Diocese.

Uma Diocese, na concepção eclesiológica da nossa Tradição, é a Igreja Local de uma região geográfica, formada por comunidades interdependentes, que são denominadas Paróquias, Missões e pontos Missionários. Além disso, uma Diocese é um corpo de pessoas, clérigos e leigos, reunidas em torno de seu Bispo (ou Bispos, quando há Sufragâneos, Coadjutores ou Auxiliares) que formam a Igreja em expressão total de sua catolicidade, caminhando com o Espírito Santo em Missão, anunciando e testemunhando diante do mundo o Senhorio de Jesus Cristo, o Reinado de Deus.

Renovar, portanto, é tornar isso novo, ou seja, retornar ao princípio fundante de toda e qualquer diocese, dentro de nossa concepção eclesiológica. É sempre bom sermos chamados a ‘re-novar’  nossa identidade como diocese, de tempos em tempos. Acabamos nos acostumando a pensar a Diocese como uma estrutura institucional, e a reduzimos a isso com o passar do tempo, e perdemos o real significado que dá sentido a tal organização institucional.

Uma diocese não é uma federação ou confederação de paróquias ou comunidades que formam a Igreja. Na verdade, a Diocese é a expressão da Igreja, é a Igreja! as comunidades são sinais da presença da Igreja nos lugares onde estão. Portanto, Paróquias, Missões e Pontos Missionários, não são entidades autônomas, independentes, isoladas, mas interdependentes e devem praticar, acima de tudo a solidariedade e o suporte mútuo na caminhada da Missão (cf. Efésios 4.1-6, onde o verbo “suportar” aparece no grego com o significado de “base de apoio”, e não com o sentido de “aturar”, como julgam algumas pessoas intolerantes).

Somos uma Igreja Episcopal, não somos congregacionais. Isso é fator da nossa identidade e da herança que recebemos de nossos ancestrais na Tradição Anglicana e Episcopal. Na Igreja Cristã existem outros modelos eclesiológicos que são congregacionais, como há os modelos sinodais. Todos esses modelos são expressões da Igreja Una, Santa, Católica e Apostólica de Cristo. Nós, episcopais anglicanos, somos uma pequena parte dessa Igreja de Cristo, e seguimos o modelo episcopal, que não é melhor nem pior que outros, mas é um dos pilares de nossa identidade.

O Concílio Diocesano é, portanto, o momento ímpar em que a Diocese está reunida para oração, estudo, reflexão e planejando sua vida para o futuro. Não deixa de ser um evento político; é fundamentalmente, um evento eclesial – por isso é político! Todo o clero e os delegados das comunidades estarão reunidos com o Bispo em oração, solidariedade, mansidão, com o coração e a mente abertos para permitir que o Espírito Santo nos torne novas criaturas em Cristo, re-novando-nos, começando em cada um de nós, e se estendendo pelas comunidades que dão corpo à nossa Igreja Diocesana.

Oremos para que o Senhor da Igreja presida o Concílio e nos prepare em espírito e verdade para esse momento.
Rev. Luiz Caetano, ost+
Rev. Daniel, ost (diac)
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PS.: data do Concílio: 26 a 28 de agosto; retiro do clero: 25 e 26 de agosto
Os delegados da nossa Paróquia serão Lídia e Alberto Correia, cf. decisão da Junta Paroquial.
No Domingo Conciliar, 28 de agosto, o Culto Paroquial será dirigido pelo Fr. Fabiano - Oração Matutina.
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