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30 dezembro 2011

E a vida continua…

Maria e José levam Jesus ao templo para ação de graças, cumprindo o preceito.Dia 19 de dezembro completou um ano que assumi a Paróquia. Foi um tempo de tentativas, acertos e erros, uma experiência bastante rica e sou grato a Deus pelo retorno ao pastorado depois de passar quase 15 anos servindo ao Senhor e à Igreja de Cristo no movimento ecumênico e no ensino teológico.
Sinto-me feliz em ser o Pároco da São Paulo Apóstolo, a terceira Igreja Episcopal do Rio de Janeiro.  Por aqui passaram alguns pregadores ilustres e grandes pastores; eu me sinto honrado pelos ancestrais de meu pastorado aqui, e tento ser digno de seguir as trilhas abertas por eles. Este ano em Santa Teresa foi muito rico em experiências de convívio, partilha e solidariedade em Cristo.
O serviço oferecido pela São Paulo Apóstolo é serviço religioso de solidariedade e acolhimento em nome de Cristo. Somos uma comunidade aberta e inclusiva que reconhece a diversidade humana como dom de Deus, Pai e Mãe da Humanidade. Nesse sentido, seguimos o caminho aberto pela nossa antecessora, a Rev. Inamar, que, de fato, colocou esta Igreja “na rua”, como presença ativa, solidária e engajada com a população de Santa Teresa.
A São Paulo Apóstolo não é uma paróquia típica. Na verdade, ela tem sido, no decorrer dos anos, um serviço de capelania, um espaço de acolhimento e um dos sinais da presença de Deus em Santa Teresa, um bairro também atípico. Enquanto Equipe Pastoral, o Rev. Daniel, o Frei Fabiano e eu temos dado continuidade a isso, porque sentimos ser essa a vocação desta pequena comunidade episcopaliana, neste tempo de vida líquida e multiplicidade conceitual. Desenvolver alternativas de Pastoral Urbana e de testemunho solidário, no contexto típico de Santa Teresa, é o desafio que nos anima. Uma pastoral dirigida não só aos moradores do bairro, mas também aos nossos paroquianos que não residem aqui por perto e à grande quantidade de turistas e visitantes que passam por aqui quase todos os dias.
As características peculiares da nossa comunidade nos animam a desenvolver pesquisas em alternativas de liturgia e esperamos aos poucos utilizar a vocação artística do bairro para somar à nossa liturgia e espiritualidade. Aprendemos muito no ano que termina, e temos planos para prosseguir nossa vocação enquanto comunidade de fé e testemunho cristão.
Durante a Primavera, hospedamos três casais de pássaros no adro (jardim) do templo paroquial.  Um casal de rolinhas construiu seu ninho entre os arbustos laterais. Um casal de sabiás logo acima deles, também construiu um ninho. E, no poste à esquina do templo, um casal de andorinhas brancas chegou e ocupou um antigo ninho lá existente (provavelmente utilizado pelo mesmo casal em anos anteriores).  Diariamente eu e o Marcos, nosso Sacristão, observávamos os casais; viviam em paz entre eles e partilhavam a comida que espalhávamos pelo jardim. Vimos quando apareceram os ovos; acompanhamos o tempo de maturação; e nos alegramos quando eclodiram, quase ao mesmo tempo: duas rolinhas, dois sabiás e três andorinhas brancas! Nos temporais que chegaram ao final da primavera, ficávamos preocupados com eles e nos alegrávamos ao ver que haviam sobrevivido bravamente. Foi muito bonito ver o cuidado do Marcos quando, ao podar os arbustos, evitava assustar os pássaros.
Os filhotinhos cresceram e há alguns dias alçaram vôo. O casal de andorinhas permanece unido no ninho agora vazio e vemos seus filhotes sempre voando por perto.  Os sabiás e as rolinhas também estão por perto, mas não vivem mais no jardim. Ao final do verão, com certeza, as andorinhas partirão para o norte onde reviverão o milagre da vida com novos filhotes; nós ficaremos esperando seu retorno na próxima primavera. As andorinhas sempre voltam ao ninho antigo e formam casais estáveis pela vida toda!
A vida continua! segue seus ritmos e seus rumos. O Menino que acolhemos no Natal segue conosco no dia a dia, animando e encorajando todos nós a prosseguirmos rumo aos horizontes que vislumbramos em esperança.
Convidamos você a seguir e caminhar conosco! Queremos acolher você e partilhar com você nossa oração e a vivência solidária no amor de Deus em Cristo, Jesus.
Feliz Ano Novo!
Rev. Luiz Caetano, ost
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23 dezembro 2011

A Natividade do Senhor

ImanênciaMuitas tradições antigas, especialmente no Oriente, apresentam várias narrativas sobre o nascimento de heróis, semideuses ou deuses, de uma virgem. Assim, a narrativa de São Lucas sobre o nascimento de Jesus é algo muito semelhante. Escrevendo no universo helenista, Lucas, que era um grego, seguiu a mesma linha de pensamento ao compor o mito sobre o nascimento de Jesus (Lucas 1.26-38; 2.1-20).
Mito não é uma mentira! Também não significa uma verdade histórica positiva.  Mito é a maneira de interpretar uma situação histórica dentro de um referencial de mistério, uma tentativa de dizer o indizível. Mito não significa falsidade, mas é alguma coisa como a poesia: diz mais que as palavras… fala mais ao coração que à razão. Ao contrário das lendas, os mitos se referem à uma realidade histórica interpretada à partir de uma visão de mundo que se desenvolve no cotidiano. Todas as culturas humanas, de todas as épocas, se fundamentam em mitos. 
O mito, ao contrário da lenda, fundamenta um sentimento de esperança que não se limita no tempo, mas aponta para a transcendência e tem um horizonte aberto para o futuro, uma esperança que pode ser experimentada e construída!
Lucas não pretendia contar o nascimento de Jesus; afinal esse era um fato conhecido pela Igreja onde surge o texto do Evangelho. O evangelista quis mostrar aos gregos, e à diversidade do mundo helenista do Império Romano, quem é Jesus, o Cristo. E usou uma linguagem que eles compreendiam: o mito do nascimento de um deus. Assim, a narrativa de Lucas não pretende ser uma narrativa histórica positiva; é uma narrativa mítica que pretende afirmar o mistério da presença de Deus na vida humana.
Todavia, a narrativa do nascimento de Jesus, apresentado por Lucas, enquanto mito, é exatamente o oposto dos mitos heroicos antigos, conhecidos pelos gregos, egípcios, persas, hindus. O menino nascido da Virgem não se manifesta como um deus, não opera maravilhas, não surge em um lugar de honra. Pelo contrário, nasce na periferia da periferia, longe dos palácios e das glórias humanas, e precisa ser reconhecido, como o foi pelos pastores e pelos magos do oriente, mas não pelo Rei Herodes…  O Cristo não se manifesta em glória, mas na humildade e na fragilidade de um bebê humano, totalmente dependente e incógnito. Nem todos O reconhecem!
Assim, o nascimento de Jesus surge como uma nova maneira de falar do Sagrado, apresenta um Deus diferente, afirma a Presença de Deus entre as pessoas e não acima delas no inatingível da transcendência. Ele se manifesta como Deus Conosco, não como Rei, mas como Servo, e é nessa perspectiva que Seu ministério se desenrola. Seu Reinado é aos poucos percebido por aqueles que O acolhem e caminham com Ele. Na convivência com Jesus, os discípulos e discípulas vão descobrindo o Cristo, o Ungido de Deus, o Filho de Deus, o Deus Encarnado (em carne!). Essa aventura da descoberta atinge seu auge após a Paixão, quando O percebem ressuscitado e vivo entre eles.
O Evangelho é, assim, a afirmação do mergulho da transcendência de Deus na imanência da vida humana; por isso o Cristo é chamado Deus Conosco! “O Senhor está aqui!”, dizemos na liturgia da missa. Não somos nós que vamos em direção a Deus, mas é Deus quem vem caminhar conosco! Este é o cerne do Evangelho! E isso é sempre uma grande novidade: a gratuidade do amor de Deus move nossa esperança de felicidade e de vida em plenitude, apesar de todos os desamores desta vida.
Tenha certeza disso: Deus ama você primeiro, aceita você como você é e transforma sua vida não a custa de sacrifícios, ameaças ou castigos, mas pela Sua ação amorosa radical, que na linguagem da Igreja se chama Graça! Assim ensinamos na Igreja Episcopal Anglicana.
O Natal é um convite para que você acolha um menino frágil, e caminhe com ele no decorrer da vida. Você perceberá que está caminhando com o Filho de Deus, o Senhor da Vida!
Acolha o Menino e deixe que Ele cresça em seu coração, permita que Ele se revele nos fatos simples da vida cotidiana. Isso sim é um Natal Feliz!
Rev. Luiz Caetano, ost+
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14 dezembro 2011

Reinado de Luz

A pazPorque eis que as trevas cobriram a terra, e a escuridão os povos; mas sobre ti o SENHOR virá surgindo, e a sua glória se verá sobre ti. E os gentios caminharão à tua luz, e os reis ao resplendor que te nasceu. Levanta em redor os teus olhos, e vê; todos estes já se ajuntaram, e vêm a ti; teus filhos virão de longe, e tuas filhas serão criadas ao teu lado. Então o verás, e serás iluminado, e o teu coração estremecerá e se alargará; porque a abundância do mar se tornará a ti, e as riquezas dos gentios virão a ti. A multidão de camelos te cobrirá, os dromedários de Midiã e Efá; todos virão de Sabá; ouro e incenso trarão, e Publicarão os louvores do SENHOR. (Isaías 60.1-6)
Levanta e resplandece. Estas palavras anunciam o nascer de um novo dia, inaugurando um novo tempo de esperança para o Israel exilado em cativeiro. Isaías teve um sonho, baseado em sua fé, de que a Luz de Deus guiaria a esperança do povo para tempos melhores de justiça, respeito e paz.
Quando São João Batista enviou seus discípulos para perguntar a Jesus se ele era o Messias esperado, Jesus respondeu nos termos desta mensagem de Isaías (veja S.Lucas 7. 18-23).
As margens do rio Jordão, João pregou: Arrependei-vos que reino de Deus esta próximo (S.Mateus 3.2). Jesus chegou a Galileia pregando as boas novas … o reino de Deus está próximo (S.Marcos 1.15). Ambos refletem o sonho de Isaías que este reinado de Deus traria uma esperança, não midiática, mas de luz que brilha nas trevas ...vem a tua Luz.
Quando se fala em trevas, escuridão, ausência de luz, na literatura bíblica, quer dizer que este tempo é um tempo de desrespeito à paz, à justiça e à desigualdade social. Por isso que o profeta fala das trevas e escuridão, porque estava acontecendo isso no seu tempo. Mas veio a ele um sonho de esperança que renovaria a fé de seu povo, uma luz iria surgir trazendo o reinado de Deus.
Nas paginas dos Evangelhos vemos esta esperança se concretizando na figura do Cristo que restaurou a esperança de um povo também oprimido e desolado (Lucas 4.16-22). Este reinado de Deus que traz luz e gloria, destronou tudo que esta relacionado a escuridão. Mas isso não é feito por magica nem por imposição, isso é realizado e concretizado quando anunciamos e aplicamos esta boa nova no nosso dia a dia. Porque ainda hoje acontece, a fome, a miséria, a violência, onde existir isso, ainda as trevas reinam.
Por isso neste tempo de Advento somos relembrados destes sonhos dos profetas e confrontados com a ação de Cristo na história.
Assim, quando chegar, o Natal não será mais uma festa do calendário diário, mas a festa de um sonho concretizado na figura do Menino Deus que nasce entre nós. E que esta esperança se concretizará em todos os cantos do mundo onde houver escuridão e trevas. E os gentios caminharão à tua luz, e os reis ao resplendor que te nasceu. Levanta em redor os teus olhos, e vê; todos estes já se ajuntaram...
Rev. Daniel Rangel Cabral Jr., ost - Diac.
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09 dezembro 2011

São Nicolau e Papai Noel

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Filho de nobres, Nicolau nasceu na cidade de Patara, na Ásia Menor, na metade do século III, por volta do ano 250. Foi consagrado bispo de Mira, atual Turquia, quando ainda era muito jovem e desenvolveu seu apostolado também na Palestina e no Egito.
Mais tarde, durante as perseguições do imperador Diocleciano, foi aprisionado até a época em que foi decretado o Edito de Constantino, sendo finalmente libertado. Segundo alguns historiadores, o bispo Nicolau esteve presente no primeiro Concílio de Nicéia, em 325.
Foi venerado como santo ainda em vida, tal era a fama que gozava entre o povo cristão da Ásia Menor. Morreu no dia 6 de dezembro de 326, em Mira. Imediatamente, o local da sepultura se tornou meta de intensa peregrinação.
São Nicolau é conhecido principalmente pelo seu carinho e cuidado para com os pobres e as crianças, já que ao receber por herança uma grande quantia de dinheiro, livremente partilhou com os necessitados. Certa vez, Nicolau sabendo que três pobres moças não tinham os dotes para o casamento e por isso o próprio pai, na loucura, aconselhou a prostituição, jogou pela janela da casa das moças três bolsas com o dinheiro suficiente para os dotes das jovens. Daí que nos países do Norte da Europa, usando da fantasia, viram em Nicolau o velho de barbas brancas que levava presentes às crianças no mês de dezembro. No hemisfério norte, dezembro é inverno.
O nome Nicolau vem de duas palavras gregas: nikos, que significa vitória, e de laos, “povo”; Nicolau significa, então, “vitória do povo”.
A origem do Papai Noel
Pela sua compaixão com os pobres e especialmente com as crianças, São Nicolau inspirou a lenda do Papai Noel; sendo confundido com ele. Chamado Nikolaus na Alemanha, passou a ser Santa Claus entre os anglo-saxões, Père Noël na França e Pai Natal em Portugal. No Brasil, é Papai Noel.
Havia em alguns lugares da Europa a tradição de, pelo Natal, presentear-se as crianças das aldeias com doces e brinquedos, como símbolo de homenagear o Menino Jesus, o Deus-Criança; era o próprio Menino Jesus quem trazia os presentes. Em algumas regiões, esses presentes eram dados na festa da Epifania, 6 de janeiro, quando era celebrada a visita dos Magos (que não eram reis) do oriente ao Menino Deus. Aos poucos essa tradição se firmou com a história de São Nicolau e a ele passou-se a atribuição de trazer os presentes…
Uma das pessoas que ajudaram a dar força à lenda do Papai Noel foi Clemente Clark Moore, um professor de literatura grega de Nova Iorque, que lançou o poema Uma Visita de São Nicolau, em 1822, escrito para seus seis filhos. Nesse poema, Moore divulgava a versão de que ele viajava num trenó puxado por renas. Ele também ajudou a popularizar outras características do bom velhinho, como o fato dele entrar pela chaminé.
Enquanto São Nicolau era originalmente retratado com trajes de bispo, atualmente Papai Noel é geralmente retratado como um homem rechonchudo, alegre e de barba branca trajando um casaco vermelho com gola e punho de manga brancos, calças vermelhas de bainha branca, e cinto e botas de couro preto.
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Antigamente, ele usava cores que tendiam mais para o marrom e costumava usar uma coroa de azevinhos na cabeça, mas não havia um padrão. Seu atual visual foi obra do cartunista Thomas Nast, na revista Harper's Weeklys, em 1886, na edição especial de Natal. Em alguns lugares na Europa, contudo, algumas vezes ele também é representado com os paramentos eclesiásticos de bispo, tendo, em vez do gorro vermelho, uma mitra episcopal.
Em 1931 a Coca-Cola realizou uma grande campanha publicitária vestindo Papai Noel ou Pai Natal ao mesmo modo de Nast, com as cores vermelha e branca, o que foi bastante conveniente, já que estas são as cores de seu rótulo. Tal campanha, destinada a promover o consumo de Coca-Cola no inverno (período em que as vendas da bebida eram baixas na época), fez um enorme sucesso e a nova imagem de Papai Noel ou Pai Natal espalhou-se rapidamente pelo mundo.  Essa imagem tem se mantido e reforçado por meio da música, rádio, televisão e filmes.
Recuperando o significado do Papai Noel
Hoje a figura do Papai Noel está intimamente relacionada ao consumismo desenfreado das festas de fim de ano. Lamentavelmente, se perdeu o significado original, inspirado na solidariedade e na compaixão. Papai Noel hoje é personagem da propaganda indutora do consumo disfarçado de gesto carinhoso na troca de presentes, sem nenhuma relação direta com a celebração cristã do nascimento de Cristo. 
Nesse sentido, não vale a pena combater Papai Noel, mas tentar trazer de volta seu significado maior de solidariedade e partilha, inspirado na figura de São Nicolau; uma atenção carinhosa às crianças sem necessariamente associar a ideia de consumo e trocas interesseiras. Por exemplo, reunir as crianças com o Papai Noel e conversar com elas, ouvi-las e contar estórias que provoque nelas uma reflexão simples sobre relações humanas, comportamento solidário, ecologia, etc.
Nessa esperança, o Papai Noel estará na Igreja de São Paulo Apóstolo aos domingos à tarde, para acolher as crianças que passarem por perto do templo, mostrar-lhes o presépio e contar estorinhas. E durante a semana, o Papai Noel tentará estar em vários espaços do Bairro de Santa Teresa visitando as crianças do lugar.
É uma modesta (e talvez ingênua) tentativa de apresentar uma alternativa mais adequada à celebração do Natal de Jesus, o Cristo, um serviço às crianças, em nome do Senhor.
Rev. Luiz Caetano, ost+
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05 dezembro 2011

Confie…

(figurinhas circulando pela Internet; não conhecemos a autoria)

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Momentos felizes, louve a Deus.
Momentos difíceis, busque a Deus.
Momentos silenciosos, adore a Deus.
Momentos dolorosos, confie em Deus..
Cada momento, agradeça a Deus.

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30 novembro 2011

O Advento

Advento extraO Advento, tempo de quatro semanas que antecede o Natal, marca o início do ano litúrgico  cristão. É um tempo marcado pela esperança!Na liturgia anunciamos a vinda de Deus ao nosso contexto histórico, através de Jesus, o Cristo; mas também afirmamos com esperança a vinda de um novo tempo, de um novo reinado, o reinado de Deus, onde não há choro, nem rancor, nem dor; onde impera a justiça e prevalece a paz.  O Tempo do Advento começou, este ano, no domingo passado, dia 27 de novembro.

Há dois aspectos a serem considerados no Advento. É tempo de reflexão, de avaliação, de revisão e de renovação da vida, de novos propósitos, de planos e visões de futuro.  Nesse sentido, é tempo de esperança, de desenhar  novos rumos para a vida.  Uma oportunidade para recomeçar!

Também é tempo para preparar o coração e acolher o Cristo, Deus Conosco, cujo nascimento celebraremos no Natal. Os textos lidos nas liturgias dos quatro domingos de Advento nos alertam para a denúncia da injustiça que promove o ódio, e nos convidam a uma atitude crítica e proativa em favor dos valores éticos inspirados no Evangelho de Cristo.

Os cristãos creem que, em Jesus o Cristo, Deus se torna pessoa humana, nasce de uma mulher (por isso Maria é chamada Mãe de Deus, Teotókos), chega ao mundo na fragilidade de um bebê, cresce, e caminha pelas ruas e vielas, pelas estradas e caminhos; sente medo e tristeza, vive momentos de angústia e de tentação; também conhece a alegria e se diverte muito. Trata as pessoas com afeto e misericórdia, mas também com severidade àqueles que usam o poder em favor de si mesmos e reage energicamente contra os “donos-da-verdade”. Nesse sentido, ao contrário do que muitos pregam, o cristianismo não é uma “religião espiritual”, mas uma religião profundamente engajada e – de certa forma – materialista, pois afirma que Deus, em Cristo, se tornou matéria (Carne – Sarkis) e habitou entre nós. É a Transcendência de Deus que mergulha na Imanência Humana.

O Deus cristão é um Deus que se torna Presença na História humana, caminhando conosco. Não é um deus espiritual, distante do mundo e das pessoas. A espiritualidade cristã se inspira forçosamente na Encarnação de Deus em Jesus, o Cristo; toda espiritualidade que aliena as pessoas do seu cotidiano, da realidade da vida, e se projeta em um nunca-lugar fora do tempo e do espaço, é anticristã, embora, nos dois mil anos de cristianismo, as instituições religiosas – em todas as épocas – privilegiaram também espiritualidades alienantes… desviando-se do Evangelho. Por isso, de tempos em tempos, a Igreja Cristã passa por reformas e releituras de suas tradições, buscando manter vivo o seu principal e grande paradigma, que é a Encarnação de Deus.

Assim, o tempo do Advento, que nos prepara para o Natal, oferece-nos a possibilidade de reafirmar em nossas vidas o mistério do Cristo – Deus Conosco, Emanuel – e nos permite avaliar nossas práticas cotidianas.

O anúncio: “Vem, Senhor!”, é um clamor pela justiça, pela paz e pela solidariedade. É também o anúncio da esperança de um novo tempo, de uma Vida Nova na plenitude de Deus.

Que em teu coração e em tua mente, as Luzes do Advento permitam vislumbrar o grande Mistério da Encarnação e inspirem novos horizontes para a tua vida!

Assim, o teu Natal não se limitará às correrias de final de ano e aos emocionais gestos de solidariedade inspirados pela mídia do mercado, uma festa de aniversário onde ninguém se lembrou de convidar o aniversariante…  Preparando-se para acolher o frágil Menino-Deus, teu Natal será uma festa alegre, celebrando mais uma vez a Presença de Deus em tua vida!

Rev. Luiz Caetano, ost+

Convidamos você a participar das liturgias dominicais de Advento em nossa Paróquia. Veja a programação na postagem logo abaixo.

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13 novembro 2011

Jesus Cristo, Rei do Universo

cristo_reiA Festa de Cristo Rei encerra o ano litúrgico da Igreja, é celebrada no último domingo do Ano Cristão. É uma festa móvel, pois o calendário litúrgico é organizado a partir da Páscoa, que depende do ciclo anual da Lua. Este ano a Festa de Cristo Rei acontece no domingo 20 de novembro.
A Igreja termina assim o ano litúrgico, que começa no Domingo do Advento (este ano, dia 27 de novembro) com o anúncio da vinda do Redentor, afirmando a vitória e o reinado de Cristo. No tempo litúrgico a festa simboliza o final da História com a chegada do Reino.
A afirmação que Jesus Cristo é o Rei do Universo completa o ciclo de pregação do Evangelho. O Advento fala de Esperança com a vinda do Menino, celebrado no Natal e manifesto no tempo da Epifania. O Tempo da Quaresma se interpola em seguida, para recordar à Igreja o Mistério do Cristo Senhor que, sob a forma de Servo, carrega conosco a cruz da existência, com nossas dores e frustrações, consolando e abrindo caminhos de libertação para todas as pessoas. A Páscoa celebra essa esperança que se concretiza no testemunho do Cristo Ressuscitado, encerrando-se o ciclo Pascal com a Festa da Ascensão do Senhor. Em seguida vem o tempo de Pentecostes, também chamado de Tempo Comum, período em que a Igreja reflete sobre os atos de Jesus, seu ensino e pregação, sua caminhada na História humana. É esse período de pós-Pentecostes que se encerra na festa de Cristo Rei, consumando assim o ciclo de esperança e vitalidade que anima os cristãos.
Dar a Jesus Cristo o título de Rei do Universo é uma maneira de afirmar seu Senhorio, é afirmar que Ele é o Senhor! Mas que Senhor é Ele?
Os primeiros cristãos foram perseguidos pelo Império Romano não exatamente por causa da sua religião, mas pela forma como confessavam a sua fé. Afinal, no Império Romano, mais que hoje, havia total liberdade religiosa. O Império dependia da arrecadação de impostos, especialmente nas terras estrangeiras conquistadas. Isso só seria conseguido sem grandes problemas, mantendo-se os povos conquistados em paz com o Império e até mesmo gostando de ser parte do Império. Havia de ser garantido a qualquer custo, o pão e o circo! Nesse sentido, os Romanos sempre souberam respeitar as culturas dos povos submetidos ao Império e assim, as respectivas religiões.
Havia uma única exigência: a submissão ao Imperador, que era chamado de Pontifex Maximus, um titulo que lhe dava autoridade suprema sobre todas as religiões! como se o Imperador fosse o Sumo Sacerdote de todas as religiões praticadas no Império.  Ao mesmo tempo, o Imperador também tinha o título de Kyrius (Senhor Supremo), ou seja, tudo estava debaixo de seu poder e sua autoridade.
Isso era problemático em se tratando dos cristãos. Em primeiro lugar a consciência de que o Sacerdócio é único em Cristo. Assim, todos os cristãos e cristãs são sacerdotes – cabendo ao clero exercer esse sacerdócio por delegação da comunidade onde serve, ou seja, não há outro sumo sacerdote senão Jesus Cristo. Também o Imperador estava sob a autoridade do Sacerdócio de Cristo. Em segundo lugar, os cristãos davam a Jesus Cristo o título de Kyrius, Senhor Supremo! e assim, o Imperador estava também sob a autoridade moral e política de Cristo!
Pode-se perceber o quanto isso ameaçava a solidez do Império. Ao afirmar que há um único Kyrius e que este é Jesus Cristo, todas as pessoas ficam no mesmo nível: todas são igualmente submissas à autoridade suprema de Cristo – o Filho de Deus, o Deus Encarnado na História e na sociedade humana. Não haviam mais senhores e escravos, nem inimigos, pois todos estavam sob o reinado de Cristo. Por isso, soldados cristãos se negavam a combater contra outros soldados cristãos… até a disciplina militar estava ameaçada!
Portanto, os cristãos significavam um risco político muito sério, pois o poder absoluto do Império era negado! e isso se tornava uma grande ameaça. Por isso, antes de serem condenados, os cristãos presos eram chamados a cuspir ou a pisar a figura de Cristo. Se isso fizessem estavam demonstrando que não O consideravam Senhor Absoluto… se não fizessem isso, eram condenados à morte. Esta é a razão do martírio de muitos cristãos na Igreja dos primeiros séculos: não se submetiam de forma absoluta ao poder de César e seu Império.
Podia-se crer no que se quisesse, podia-se adorar ao deus que se desejasse, desde que a submissão ao Imperador e assim, ao Império, não fosse questionada nem negada.
A famosa frase “Jesus Cristo é o Senhor!”, que há alguns anos aparecia pichada em paredes e nas rodovias, e hoje é tristemente utilizada na mercantilização do sagrado, é exatamente a expressão da fé da Igreja de Cristo  desde seus primórdios.
Assim, festejar Jesus Cristo como Rei do Universo é afirmar que todos os impérios e todos os poderes humanos, de todos os tempos e lugares, não são superiores a Jesus Cristo, Deus Encarnado, O Senhor!  Não há poder absoluto acima de Deus, e Jesus Cristo, “sentado à direita do Pai” (no dizer dos Credos, significando que exerce o poder de Deus) é o Senhor.
É essa mesma fé que confessamos hoje e sempre, como cristãos, e esse é o sentido da festa do Cristo Rei. Ao término do ciclo anual da Liturgia, a Igreja reafirma – como sempre fez desde o princípio – que sua própria existência está subordinada ao Cristo e não a qualquer poder humano, civil, militar ou religioso.
As pessoas que detém autoridade na Igreja, sejam membros do clero ou do laicato, exercem essa autoridade como serviço à comunidade de fé, e não como afirmação de si mesmos. Todo desvio disso é herética e pecaminosa.  Assim também devemos entender que as autoridades constituídas para gerir os assuntos do Estado, em nome do povo, não exercem essa autoridade para si mesmas, mas como serviço aos cidadãos e cidadãs.
A Festa de Cristo Rei no obriga a refletir e avaliar como exercemos o poder em nossas realidades cotidianas, como exercemos a autoridade que nos é delegada (como pais, como professores, como chefes em uma empresa, como patrões, como pastores, etc.) e também como as autoridades que constituímos exercem esse poder. 
A Festa do Cristo Rei nos obriga, partindo da nossa confissão de fé,  a uma reflexão crítica sobre cidadania!
Rev. Luiz Caetano, ost+
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22 outubro 2011

Tiago de Jerusalém, o Justo, Irmão do Senhor!

James-of-Jerusalem-IconComo a maioria das Igrejas Orientais, também a Comunhão Anglicana celebra dia 23 de outubro a memória de São Tiago de Jerusalém, o Justo, o irmão de nosso Senhor.
Quem é esse Tiago, conhecido como Irmão do Senhor, a quem é atribuída a Epistola de São Tiago no Novo testamento?
Não se trata de um Apóstolo, embora dois deles tivessem o nome de Tiago. Esse Tiago que celebramos em 23 de outubro é um dos irmãos de Jesus mencionados no Evangelho segundo São Mateus (Mt 13.55).
Há várias tradições sobre esse Tiago, mas a melhor delas diz que José, um piedoso viúvo, recebeu por esposa à jovem Maria – uma menina dedicada por seus pais à Deus e que estava sob os cuidados do Sumo Sacerdote. Sendo José viúvo e com filhos, houve por bem ao Sumo Sacerdote sugerir a José tomar Maria como esposa para cuidar de sua família, comprometendo-se a respeitar o voto de Virgem de Javé feito por ela. Assim, Tiago seria um dos filhos de José.
Segundo a Tradição, nenhum desses irmãos de Jesus foi seu discípulo, embora algumas fontes indicam que Judas (não o Iscariotes), um dos Doze, tenha sido irmão de Jesus, pois em sua pequena Epistola, apresenta-se como “irmão de Tiago e servo de Jesus Cristo” (Judas,1). Como esse Judas é entendido como o Apóstolo São Judas, pode-se supor que, ao apresentar-se como irmão de Tiago, dá referência à autoridade de Tiago de Jerusalém, e humildemente se coloca como servo e não irmão de Jesus.
A Tradição da Igreja do Oriente conta que Tiago, irmão do Senhor, era homem letrado, conhecedor da Lei e muito piedoso.  Foi eleito pelos Apóstolos para liderar a Igreja de Jerusalém, e é considerado seu primeiro Bispo. A comprovação disso é que no episódio do Concílio de Jerusalém Tiago apresenta a decisão final sobre a questão se as normas judaicas (adotadas pelos cristãos-judeus) seriam válidas para os cristãos não-judeus que formavam igrejas fora da Judéia devido ao ministério de Paulo e Barnabé. Tiago se fundamenta no testemunho de Pedro bem como no entusiasmo de Paulo e Barnabé sobre a ação do Espírito Santo entre os gentios (cf. Atos 15).
Tiago, embora cristão, era – como a maioria dos cristãos da nascente Igreja em Jerusalém – zeloso de suas obrigações enquanto judeu: assíduo no templo e no estudo da Lei. Todavia sua fé no Cristo era incômoda ao Sinédrio e aos fariseus. Certa vez, no Templo, foi instado a renunciar sua fé cristã publicamente; tendo recusado, foi levado à murada e atirado do alto pelos fariseus. Não morreu na queda, mas foi espancado até a morte estando caído ao chão.  Esse fato aconteceu em 62 a.D., no contexto da perseguição movida pelo Sinédrio aos cristãos – ainda considerados como um grupo dentro do judaísmo.
A Igreja, desde tempos antigos, atribuiu a ele o título de “o Justo” pelo seu espirito conciliador que marcou a decisão do Concílio de Jerusalém e possibilitou às igrejas nascentes no mundo grego manterem-se em comunhão com as igrejas da Judéia.
São Tiago de Jerusalém é um dos inspiradores do espírito ecumênico, pois reconheceu a diversidade da Igreja e sua adequação às diferentes culturas humanas.
No Brasil, São Tiago o Justo é o patrono da Ordem de São Tiago de Jerusalém (OST), uma fraternidade não conventual na Igreja Episcopal Anglicana, cujos carismas se inspiram exatamente na Carta de Tiago e no espírito de justiça que caracteriza este Herói da Igreja.
Rev. Luiz Caetano, ost+
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10 outubro 2011

A Paróquia São Paulo Apóstolo, a Igreja Anglicana e a Rainha da Inglaterra.

O Templo, antes da tempestade que danificou sua fachada.Varias pessoas que visitam nosso templo elogiam sua beleza e ao mesmo tempo preocupam-se com o estado de sua conservação. Às vezes perguntam a mim, ao Rev. Daniel ou ao fr. Fabiano assim: “porque vocês não pedem ajuda da Rainha da Inglaterra? afinal é a Igreja Anglicana e ela é a chefe da Igreja…
Para um episcopal anglicano tradicional, essa pergunta poderia soar como zombaria, mas tal indagação e outras semelhantes mostra  que nossa Igreja ainda não conseguiu afirmar claramente a sua identidade do meio cultural brasileiro.
De fato, nosso templo tem sérios problemas de conservação. E nossa pequena comunidade paroquial tem trabalhado para superar isso. Mas é importante explicar algumas coisas e desfazer erros de compreensão sobre a nossa identidade.
A Paróquia São Paulo Apóstolo é parte da Diocese Anglicana do Rio de Janeiro, que por sua vez é parte da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil, uma das Igrejas Nacionais Autônomas que fazem parte da Comunhão Anglicana: igrejas nacionais unidas pela mesma tradição católica apostólica e em comunhão com a Sé de Cantuária.
Ao contrário do que muita gente pensa, não existe uma Igreja Anglicana mundial, nos mesmos moldes que existe a Igreja Católica Romana. As Igrejas Anglicanas espalhadas pelo mundo todo se organizaram em uma Comunhão, chamada Comunhão Anglicana. Essa Comunhão não tem uma cúria mundial, ou um comando mundial. O conceito de autoridade na Comunhão é muito diferente do sistema curial que rege a Igreja de Roma.
As Províncias que formam a Comunhão Anglicana são todas independentes, auto-sustentadas e auto- governadas, cada uma pela sua Câmara dos Bispos, seu Sínodo, Concílios, e organismos internos que não necessariamente funcionam do mesmo modo em todas as províncias.
Em nível mundial a Comunhão é presidida simbolicamente pelo Arcebispo de Cantuária e possui vários órgãos consultivos – sem poder normativo: o Conselho dos Primazes (Bispos que presidem as Províncias), o Conselho Consultivo Anglicano (formado por representantes provinciais – bispos, clérigos e leigos), e a Conferência de Lambeth que reúne, a cada dez anos, os Bispos de todo o mundo. Nenhum desses organismos tem poder de decidir sobre a vida, a administração e a forma de ser de uma Província ou Diocese. Exatamente essa experiência de diversidade e autoridade partilhada e ao mesmo tempo dispersa que caracteriza o anglicanismo.
As Províncias nem mesmo têm um nome em comum. Por exemplo, a Igreja da Inglaterra (The Church of England), a Santa Igreja Católica Apostólica do Japão (Nippon Sei Ko Kai), a Igreja Anglicana do Canadá, A Igreja Episcopal dos Estados Unidos da América (The Episcopal Church), a Igreja Episcopal Anglicana do Brasil, a Igreja Lusitana Católica Apostólica Evangélica, A Igreja Episcopal da Escócia (The Scottish Episcopal Church), A Igreja de Hong Kong (Hong Kong Sheng Kung Hui), A Igreja Reformada Episcopal da Espanha, A Igreja Episcopal de Cuba, são algumas das Igrejas que formam a Comunhão Anglicana, unidas em uma mesma tradição apostólica que – em sua diversidade – afirmam sua catolicidade.
A Igreja da Inglaterra é a Igreja considerada mãe da Comunhão, mas não é a Igreja chefe. Sua especial situação como Igreja Estatal é específica na Inglaterra, assim como na Alemanha e na Escandinávia a Igreja Luterana é estatal – o que significa ligada ao Estado, que é confessional. Isso não tem nada a ver com o resto do mundo, é uma situação específica de cada país.
Como a cultura brasileira é marcada pela tradição do catolicismo romano, temos a tendência de achar que todas as Igrejas são iguais à Igreja de Roma, quando na verdade, a grande maioria das Igrejas (Protestantes, Evangélicas ou Orientais) são bastante diferentes entre si e do próprio modelo Romano.
Assim a pequena comunidade que forma a paróquia São Paulo Apóstolo em Santa Teresa é parte de uma grande comunhão de Igrejas advindas de uma mesma tradição apostólica, à qual se vincula através da Diocese Anglicana do Rio de Janeiro, cujo Bispo Diocesano está em Comunhão com os demais Bispos da Igreja Episcopal do Brasil e com o Arcebispo de Cantuária, e portanto, com todos os Bispos da tradição anglicana no mundo.
A Paróquia é mantida pela contribuição regular de seus membros e pelas ofertas do povo, e pela Diocese. Não temos nenhuma subvenção do Estado, seja o brasileiro, seja estrangeiro. O governo paroquial é exercido pelo Pároco e seu Coadjutor em conjunto com a Junta Paroquial composta por seis pessoas membros da comunidade, eleitas em Assembleia sem interferência dos pastores. A administração financeira e patrimonial da paróquia é de responsabilidade da Junta Paroquial, conforme determinam os Cânones da Diocese e da Igreja brasileira.
E a Rainha da Inglaterra??? Ela é exatamente isso: a Rainha da Inglaterra! com todas as atribuições previstas pela legislação daquele país, e nós não temos nada a ver com isso porque somos brasileiros, e aqui exercemos nossa cidadania.
Portanto, se você deseja cooperar para a restauração e manutenção de nosso templo, fale conosco. Há muitas formas de você ajudar!
Nossa pequena comunidade é acolhedora e está sempre aberta à colaborar com a vida em nosso Bairro e em nossa cidade, de muitas maneiras, além de oferecer o serviço religioso nos moldes da tradição herdada pela Comunhão Anglicana.
Sejam bem vindos e bem vindas em nosso meio e em nosso templo para orar, partilhar, estudar a Palavra de Deus e cooperar com seus dons no grande ministério do Senhor Jesus Cristo!
Rev. Luiz Caetano, ost+
mais informações veja em coluna lateral deste blogue alguns links para páginas de Igrejas que compõem a Comunhão Anglicana e a página da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil
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19 setembro 2011

Ecumenismo e Missão

Rosto de Cristo 2Nossa Paróquia sempre esteve envolvida em ações ecumênicas, seja pela participação de nossa liderança em eventos e organizações ecumênicas, seja também hospedando eventos ecumênicos.
Mas afinal o que vem a ser Ecumenismo?
A palavra Ecumenismo tem raiz no grego “Oikomene” – o mundo habitado, a Casa Comum, a Casa de Todos… e tem muito a ver com as relações humanas de solidariedade e cooperação.
A origem do Movimento Ecumênico se dá no século XIX. Na Conferência de Lambeth de 1868 os Bispos da Comunhão Anglicana fazem um apelo para que a atividade missionária cristã seja pautada pela união de esforços e cooperação ao invés de concorrência entre as Igrejas. A partir desse apelo, surge um movimento que vai culminar com a Conferência sobre a Missão, em Edimburgo, em 1910, que marca o início da caminhada que levou à fundação do Conselho Mundial de Igrejas em 1948, reunindo as Igrejas Protestantes, Orientais e de Tradição Anglicana. Depois do Concílio Vaticano II, a Igreja de Roma se aproxima do Movimento Ecumênico (até então ele era considerado anátema pelos Papas), mas tal aproximação se dá apenas em nível do Ecumenismo Institucional.
No meu tempo de jovem, e ainda hoje, o ecumenismo se traduz em ações concretas de cooperação e solidariedade entre as comunidades cristãs e também com comunidades não cristãs. Na verdade, ação ecumênica é ação entre pessoas e não entre instituições!
Há quem faça distinção entre Diálogo Ecumênico (que seria entre cristãos) e Diálogo Inter-religioso (com outras religiões). Na verdade, esse é o entendimento Católico Romano, mas para nós – e isso é histórico – o Ecumenismo envolve mais que simplesmente as religiões, mas as culturas!
O paradigma do Movimento Ecumênico é que solidariedade, cooperação e convívio são possíveis entre culturas diferentes. Ecumenismo significa, portanto, inclusão e solidariedade entre diferentes, entre os diferentes habitantes da Casa Comum. Não se trata de simples tolerância, mas de reconhecimento do direito de existir do diferente, pois o paradigma maior é a Vida em Plenitude.
Isso não significa que os cristãos deixem de fazer Missão e o Evangelho não deva ser anunciado! Na verdade, o anúncio do Evangelho se faz não por apologia de sermos melhores que os outros ou os únicos detentores da verdade, mas se dá pelo testemunho concreto de atitudes e ações em respeito à Vida e à Identidade dos outros.
Deus tem sua própria maneira de revelar-Se às culturas humanas. Não precisa que nós levemos a nossa cultura para outros a adotarem. Deus não depende da nossa cultura, nem da nossa crença; Ele é maior que isso.
Como na figura acima, o Cristo está sempre presente, como Mistério, transfigurado nos elementos da realidade! Esse é o significado da palavra Mistério: aquilo que sendo oculto, é revelado! Fazer Missão é, acima de tudo, perceber o Mistério de Deus em Sua Presença na humanidade, e anunciar isso através de atitudes e testemunho.
Assim, a primeira e mais importante ação de um missionário cristão é tentar compreender como Deus se manifesta aos diferentes e – mais do que o falar abusadamente – dar seu próprio testemunho de vida diante dos diferentes, não por ser melhor que eles, mas para ser sinal do Amor de Deus por todas as pessoas – afinal essa é a Boa Nova Cristã (Evangelho): Deus nos ama primeiro!
Não é dever do missionário converter! isso, segundo a boa teologia dos Pais da Igreja, é obra do Espírito Santo. É dever do missionário testemunhar o Evangelho de Cristo através de sua presença solidária e de serviço às necessidades dos outros.
Assim, o ser ecumênico impede a ação proselitista, mas não impede a ação missionária. Antes, o ser ecumênico nos faz missionários da boa vontade e da cooperação solidária, sinais da ação do Espírito de Cristo em nossas vidas. Anunciar o Evangelho não é anunciar um deus, mas um modo de vida, anunciar um Reinado que já está entre nós e sopra Ventos de boas novas em todas as culturas humanas que estejam abertas à promoção da Vida em todos os sentidos.
É nesse espírito que nossa Paróquia desenvolve sua ação missionária, em Santa Teresa e arredores, procurando obedecer a Cristo, ver os Sinais dos Tempos e colher os Frutos do Espírito. Que a Igreja cresça pela ação do Espírito Santo e não pela nossa capacidade de convencer os outros!
Rev. Luiz Caetano, ost+
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02 setembro 2011

Por que chora o Bonde?

Bonde peqA imagem do bondinho chorando está se tornando símbolo da mobilização do povo de Santa Teresa que exige respostas e providências do Estado quanto à situação dos Bondes.
Na quarta-feira, dia 31 de agosto, a AMAST (Associação de Moradores e Amigos de Santa Teresa) realizou uma Plenária no templo da nossa Paróquia, com comparecimento de muitos moradores, lideranças comunitárias do bairro, e políticos solidários à causa da população de Santa Teresa. A indignação era geral, assim como a tristeza e a revolta. A AMAST recebeu uma quantidade enorme de sugestões e propostas concretas, que ainda estão sendo separadas e organizadas.
A mobilização continuou com manifestação diante da Estação da Carioca na quinta-feira pela manhã e um ato público no Largo do Guimarães à noite! ironicamente, quinta-feira era dia do aniversário do Bonde: 115 anos!  Foi quando começou a circular o cartaz do Bonde chorando, criação do Zod, artista plástico residente em Santa Teresa. Um cartaz que não precisa de palavras, como um ícone religioso (!), e traduz o sentimento da população do nosso maltratado bairro.
O Bonde chora pelo abandono a que foi condenado pelo poder público! O Bonde chora porque foi adulterado em sua forma e características em nome da “modernização”.  O Bonde chora por causa do sucateamento que vem sofrendo há anos, para fortalecer o argumento de “privatização” dos serviços. O Bonde chora, e o bairro chora com ele, as vítimas dos acidentes que passaram a acontecer depois que o Bonde deixou de ser Bonde para ser um “Veículo Leve sobre Trilhos” (VLT) resultado do que chamaram de modernização: uma carroceria de bonde sobre rolantes de trem, um monstrengo inadequado para a topografia do Bairro. O Bonde chora porque, vítima do desgoverno, passa ser acusado de inadequado, de retrógrado, de incômodo,e agora sofre a ameaça de morrer definitivamente em nome da “modernização”.
O Bonde chora porque deseja ser restaurado à sua dignidade de transporte coletivo do bairro, o nosso “bondinho”, alma de Santa Teresa, parte inseparável do nosso micro-universo cultural, da identidade teresiana. Aliás, creio que Teresa de Ávila, a Santa, chora no céu ao ver o que se faz com o Bairro da qual é a padroeira e inspiradora.
O Bonde chora, mas não se entrega! O Povo de Santa Teresa não se entrega. O Bonde que chora não é símbolo apenas da nossa tristeza, mas é ícone da luta dos moradores do bairro, das comunidades que formam o complexo de Santa Teresa. São lágrimas de quem luta, não lágrimas de quem foi derrotado!
Saibam, autoridades, que aqui em Santa Teresa, o Senhor do Universo anda de Bonde!!! e Ele quer continuar andando! e vai continuar sendo o nosso principal companheiro de jornada diária no bondinho, que está parado, mas não morreu!
Ele estava no acidente, sofre com as vítimas, acolheu Nelson e os falecidos em Sua Vida, e está conosco em todas as manifestações de protesto e repúdio que fazemos. Ele exige, conosco, o respeito à nossa dignidade cidadã! Não provoquem Sua Justiça!
Rev. Luiz Caetano, ost+
(acompanhe a luta do Povo de Santa Teresa por dignidade, respeito e em defesa do Bonde, a alma de nosso bairro, no site da AMAST).
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MOBILIZAÇÃO: Próximas ações


Sábado, 03 de setembro : 
     16h00 - Marcha saíndo do Curvelo até o local do acidente.
     19h00 - Missa de Sétimo Dia do Nelson, na Matriz de Santa Teresa (Rua Aurea), marcada por sua família.


Domingo, 04 de setembro:
     11h00 - Missa pelas vítimas do acidente - Paróquia Anglicana S. Paulo Apóstolo.


Terça-feira, 06 de setembro:
     15h30 - Concentração em frente ao Ministério Público. A Diretoria da AMAST terá audiência com o Procurador Geral às 17h00

Quinta-feira, 15 de setembro:
      10h00 - Audiência Pública sobre os Bondes na Assembléia Legislativa (ALERJ) - vamos lotar a galeria!

Se você mora em Santa Teresa ou apoia nossa luta, venha somar forças!
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29 agosto 2011

Dor e indignação em Santa Teresa

46xsgeod1vvz733x0ivvl1qkvEstávamos para iniciar a celebração eucarística vespertina no Concílio Diocesano em Araras, quando chegaram as primeiras notícias do acidente com o bondinho de Santa Teresa. Contatos telefônicos feitos imediatamente confirmaram a tragédia. Nosso Bispo Diocesano imediatamente colocou as vítimas na lista de intercessões e o Concílio reunido manifestou sua solidariedade ao povo de Santa Teresa em oração.
Nossa comunidade paroquial, no ofício de ontem, dirigido pelo nosso Ministro Frei Fabiano, fez oração  intercessora pelas vítimas e demostrou sua indignação com o acidente.
Hoje à noite, ao retornar para casa, busquei maiores informações sobre o fato e confirmaram-se as minhas suspeitas: a falta de manutenção devido a irresponsabilidade governamental e o desrespeito para com a população de Santa Teresa.
Fiquei muito triste com a morte do Nelson, o motorneiro gentil e atencioso que sempre trocava cumprimento comigo quando eu embarcava ou passava por ele na rua.
A perícia levará 30 dias… tempo suficiente para que o assunto seja “esquecido” pela mídia e, provavelmente colocarão a culpa no Nelson, ou em alguém que jogou uma casca de banana nos trilhos… vamos ver se relatam sobre o uso de arames improvisando conserto nos freios, como foi denunciado em uma notícia:
“O bondinho que descarrilou e tombou em Santa Teresa neste sábado, matando cinco pessoas e ferindo 57, tinha um pedaço de arame no lugar de parafuso debaixo da sapata do freio. Era, aparentemente, uma improvisação da equipe de manutenção da Central, empresa que administra o sistema de transporte sobre trilhos no bairro.”
NelsonNo mesmo site, há notícia que o bonde acidentado havia sofrido outro acidente, uma hora antes (clique aqui). Foi feita vistoria sobre o estado do veículo, ou ele simplesmente permaneceu em operação? ninguém deu explicação sobre isso… também o poder público tem sido omisso com a situação de superlotação dos bondes…
Com efeito, foi uma tragédia anunciada”, como declarou uma moradora: há muito que se reclama da manutenção dos bondes, e é conversa certa em Santa Teresa que há interesse em facilitar a ocorrência de problemas com os bondes para desapontar a população e justificar a privatização dos serviços. Obviamente que a privatização faria do sistema de bondes algo exemplar, porém com fins exclusivamente turísticos, portanto caríssimo, excluindo da população do bairro o acesso ao serviço.
Fazer o bem púbico chegar à condição de sucata tem sido uma estratégia utilizada pelos promotores de privatizações: tornando os serviços públicos ineficientes, cria-se insatisfação do povo que apoiaria a privatização.
É muito suspeita – e lacônica – a declaração do Governador do Estado, responsável último pela situação dos bondes; entre outras coisas, “(…) o Governador determinou que o transporte por bondes no bairro fique interrompido e que a Secretaria de Transportes conduza um plano de modernização dos bondes (...)” 
Por quanto tempo se dará a suspensão dos serviços? que modernização será essa? porque não foi feita antes ou iniciada? ainda terão de fazer  “planos”? quer dizer que se não fosse o acidente não haveria modernização? como fica a situação da população usuária do bonde, um meio barato para se chegar rapidamente ao centro do Rio? Haverá mais ônibus disponíveis? qual a tarifa? O serviço de bondes é uma amostra do desrespeito e descaso com que a população de Santa Teresa é tratada pelo poder público, que gostaria de fazer do bairro apenas um local de exploração turística, sem moradores.

Oferecemos nosso templo para um ato religioso ecumênico, em memória das vítimas e solidariedade a seus familiares! Ficamos à disposição da AMAST  e demais organizações populares do Bairro, para compor uma grande aliança em favor dos nossos direitos de cidadãos e o respeito para com o nosso bairro.
Rev. Luiz Caetano, ost+
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23 agosto 2011

Celebrando os 94 anos da Comunidade

A comunidade paroquial comemorou seus 94 anos com quatro celebrações em ação de graças, de 31 de julho a 21 de setembro. Pregadores convidados participaram das celebrações e deixaram mensagens encorajadoras para que a comunidade olhe em novas direções e reforce sua vocação de serviço no contexto onde estamos localizados. Nas celebrações foram lembrados os ancestrais da comunidade, clérigos e lideranças leigas do passado, nos momentos de oração e memória ancestral.

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Assim  no dia 31 de julho, tivemos a visita do Rev. Eduardo Coelho Grillo, Reitor da Paróquia Episcopal São Lucas (Botafogo), que deixou uma mensagem de esperança e confiança, ressaltando a vocação dos discípulos de Jesus em preocupar-se com as outras pessoas, no sentido de estarem a serviço das necessidades dos outros, inspirado no texto de São Mateus sobre a  multiplicação dos pães (Mt 14.13-21), conforme o lecionário para aquele domingo.

Cleber 2011 08 07No dia 7 de agosto, recebemos a mensagem do Rev. Cleber Diniz Torres, Pastor Titular da Igreja Presbiteriana Independente da Penha Circular, que fazendo uma retrospectiva histórica da nossa comunidade, ressaltou sua presença em Santa Teresa como comunidade aberta e de serviço desde seus primórdios. O Rev. Cleber, que em tempos de seminário colaborou com o Rev. Luiz Caetano no CLAI (Conselho latino-Americano de Igrejas) mostrou sua emoção por estar ao lado de seu velho amigo celebrando a Eucaristia.

No dia 14 recebemos a Visita Episcopal de Dom Filadelfo, que em sua mensagem abordou os aspectos da diversidade anglicana e de nossa abertura ao diálogo e cooperação ecumênica. O Bispo Diocesano enalteceu a proposta pastoral de acolhimento e diversidade da São Paulo Apóstolo, afirmando que a comunidade, com tal espírito de abertura ao seu contexto local, busca caminhos novos de pastoral para os tempos da pós-modernidade no meio urbano. Também no dia 14 recebemos a visita de três diretoras da União de Senhoras Evangélicas de Ação Social (veja Notícias), uma entidade da qual a nossa Paróquia é parceira (veja Diaconia).

Ac Ribeiro 2011 08 21 (2)Finalmente, no dia 21 de agosto, a mensagem foi ministrada pelo Rev. Antônio Carlos Ribeiro, Pastor da Comunidade Martin Luther (Centro do Rio), da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil. O Pastor Antônio Carlos falou dos talentos recebidos pela Igreja incentivando a comunidade a manter-se aberta aos novos desafios e investir os talentos concedidos por Deus no testemunho, sendo uma igreja aberta, inclusiva e presente nos novos desafios da missão. O Pastor Antônio Carlos, no início de agosto, assessorou a abertura do Curso de Teologia do CAET (Centro Anglicano de Estudos Teológicos, da nossa Diocese), evento que também foi hospedado pela Paróquia no contexto de seu aniversário.

Infelizmente não pudemos contar com a presença dos Corais que havíamos anunciado. Por problemas de espaço físico, decidimos adiar a apresentação do Coral da PUC, uma vez que o tamanho do Coral criaria dificuldades para seu posicionamento no Templo sendo celebrada a Santa Eucaristia. O Coral da PUC fará uma apresentação especial em nossa Paróquia, em data ainda a ser definida, fora do contexto litúrgico, em uma atividade especial ainda em organização e que contará com a presença de outros corais. Todavia, o Coral da Igreja Presbiteriana de Copacabana informou-se uma hora antes do ofício, que o Conselho daquela Igreja não autorizou sua apresentação; isso trouxe constrangimento à nossa congregação e lamentamos a indelicadeza de não nos darem essa informação com a devida antecedência.

Nosso Ministro Coadjutor, Rev. Daniel Cabral Jr, foi o responsável pela organização do nosso mês de aniversário. A ele nosso agradecimento e cumprimento. Também queremos registrar nosso agradecimento aos ministros de Deus que acolheram nosso convite para dirigir a Homilia nas celebrações: Rev. Eduardo, Rev. Cleber e Rev. Antônio Carlos.

A partir do próximo ano pretende-se que a Paróquia organize a contagem regressiva para seu centenário, em 2017. A meta mais arrojada para o Centenário, será a restauração completa do templo. Esperamos iniciar em breve uma campanha nesse sentido, bem como dar andamento às providências para o tombamento do edifício.

Rev. Luiz Caetano, ost+

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08 agosto 2011

Renova, Senhor, a tua Igreja …

OrandoRenova, Senhor, a tua Igreja, começando por mim!”; a frase é conhecida nos devocionais ecumênicos como Oração dos Cristãos Chineses. Não sabemos exatamente sua origem, mas isso agora não importa.

Essas palavras foram escolhidas pelo nosso Bispo Diocesano como Lema do 70º Concílio da Diocese Anglicana do Rio de Janeiro, que acontecerá em Araras, município de Petrópolis, ao final deste mês de agosto.

Mais que uma transformação, esse brado clama por uma renovação da Igreja, um nascer de novo!  O nosso Bispo, portanto, ao apresentar este lema conciliar, pretende que o Concílio promova o novo nascimento da nossa Diocese.

Uma Diocese, na concepção eclesiológica da nossa Tradição, é a Igreja Local de uma região geográfica, formada por comunidades interdependentes, que são denominadas Paróquias, Missões e pontos Missionários. Além disso, uma Diocese é um corpo de pessoas, clérigos e leigos, reunidas em torno de seu Bispo (ou Bispos, quando há Sufragâneos, Coadjutores ou Auxiliares) que formam a Igreja em expressão total de sua catolicidade, caminhando com o Espírito Santo em Missão, anunciando e testemunhando diante do mundo o Senhorio de Jesus Cristo, o Reinado de Deus.

Renovar, portanto, é tornar isso novo, ou seja, retornar ao princípio fundante de toda e qualquer diocese, dentro de nossa concepção eclesiológica. É sempre bom sermos chamados a ‘re-novar’  nossa identidade como diocese, de tempos em tempos. Acabamos nos acostumando a pensar a Diocese como uma estrutura institucional, e a reduzimos a isso com o passar do tempo, e perdemos o real significado que dá sentido a tal organização institucional.

Uma diocese não é uma federação ou confederação de paróquias ou comunidades que formam a Igreja. Na verdade, a Diocese é a expressão da Igreja, é a Igreja! as comunidades são sinais da presença da Igreja nos lugares onde estão. Portanto, Paróquias, Missões e Pontos Missionários, não são entidades autônomas, independentes, isoladas, mas interdependentes e devem praticar, acima de tudo a solidariedade e o suporte mútuo na caminhada da Missão (cf. Efésios 4.1-6, onde o verbo “suportar” aparece no grego com o significado de “base de apoio”, e não com o sentido de “aturar”, como julgam algumas pessoas intolerantes).

Somos uma Igreja Episcopal, não somos congregacionais. Isso é fator da nossa identidade e da herança que recebemos de nossos ancestrais na Tradição Anglicana e Episcopal. Na Igreja Cristã existem outros modelos eclesiológicos que são congregacionais, como há os modelos sinodais. Todos esses modelos são expressões da Igreja Una, Santa, Católica e Apostólica de Cristo. Nós, episcopais anglicanos, somos uma pequena parte dessa Igreja de Cristo, e seguimos o modelo episcopal, que não é melhor nem pior que outros, mas é um dos pilares de nossa identidade.

O Concílio Diocesano é, portanto, o momento ímpar em que a Diocese está reunida para oração, estudo, reflexão e planejando sua vida para o futuro. Não deixa de ser um evento político; é fundamentalmente, um evento eclesial – por isso é político! Todo o clero e os delegados das comunidades estarão reunidos com o Bispo em oração, solidariedade, mansidão, com o coração e a mente abertos para permitir que o Espírito Santo nos torne novas criaturas em Cristo, re-novando-nos, começando em cada um de nós, e se estendendo pelas comunidades que dão corpo à nossa Igreja Diocesana.

Oremos para que o Senhor da Igreja presida o Concílio e nos prepare em espírito e verdade para esse momento.
Rev. Luiz Caetano, ost+
Rev. Daniel, ost (diac)
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PS.: data do Concílio: 26 a 28 de agosto; retiro do clero: 25 e 26 de agosto
Os delegados da nossa Paróquia serão Lídia e Alberto Correia, cf. decisão da Junta Paroquial.
No Domingo Conciliar, 28 de agosto, o Culto Paroquial será dirigido pelo Fr. Fabiano - Oração Matutina.
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26 julho 2011

A HISTÓRIA DA ÁGUIA

Este texto está circulando pelo Internet. Talvez você já o tenha visto. Não sei se é verdade científica, se não, mas isso não é importante. Importante é a mensagem que o texto traz. Particularmente recebemos isso de uma amiga do Recife, a Simone.

DSC0116web50“A águia é a ave que possui maior longevidade da espécie. Chega a viver setenta anos. Mas para chegar a essa idade, aos quarenta anos ela tem que tomar uma séria e difícil decisão.

Aos quarenta ela está com as unhas compridas e flexíveis, não consegue mais agarrar suas presas das quais se alimenta. O bico alongado e pontiagudo se curva. Apontando contra o peito estão as asas, envelhecidas e pesadas em função da grossura das penas, e voar já é tão difícil! Então a águia só tem duas alternativas: Morrer, ou enfrentar um dolorido processo de renovação que irá durar cento e cinquenta dias.

Esse processo consiste em voar para o alto de uma montanha e se recolher em um ninho próximo a um paredão onde ela não necessite voar. Então, após encontrar esse lugar, a águia começa a bater com o bico em uma parede até conseguir arrancá-lo. Após arrancá-lo, espera nascer um novo bico, com o qual vai depois arrancar suas unhas. Quando as novas unhas começam a nascer, ela passa a arrancar as velhas penas. E só cinco meses depois sai o formoso vôo de renovação e para viver então mais trinta anos.

Em nossa vida, muitas vezes, temos de nos resguardar por algum tempo e começar um processo de renovação. Para que continuemos a voar um vôo de vitória, devemos nos desprender de lembranças, costumes, velhos hábitos que nos causam dor. Somente livres do peso do passado, poderemos aproveitar o resultado valioso que a renovação sempre nos traz.”

A mensagem, embora pareça, não é uma condenação à Tradição; desprender de lembranças, costumes, velhos hábitos… peso do passado, não se referem à Tradição. Mas muitas vezes a Tradição é imposta como peso, como fardo, ao invés de ser apresentada como riqueza e memória saudável de uma comunidade.

Arrancar as unhas, o bico, as velhas penas”, não é ficar sem bico, sem unhas, sem penas, mas o mesmo bico se renova, as mesmas unhas e penas surgem como novas. A águia não deixa de ser quem é, mas se renova em si mesma, na sua mesma identidade – agora renovada e fortalecida.

Assim é a Igreja, ou deveria ser: renovar-se em si mesma, sem destruir sua memória, sua identidade; mas reafirmando-se diante do mundo onde está inserida como testemunha do Amor e Reinado de Cristo, anunciando profeticamente o Reino de Deus e sua Justiça. Atualizando a Tradição para falar ao tempo presente.

Rev. Luiz Caetano, ost +

Rev. Daniel, ost diac.

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30 junho 2011

Trindade, Deus Comunidade.

No Domingo de Pentecostes a Igreja celebra com alegria sua própria fundação, quando o Espírito Santo veio sobre o grupo apostólico e o tornou capaz de anunciar o Evangelho.
O domingo seguinte é chamado, pelo Calendário Litúrgico, Domingo da Santíssima Trindade. E após o Domingo da Trindade, o lecionário da Igreja nos propõe leituras bíblicas que pretendem iluminar a vocação missionária da Igreja. Assim, desde a Festa da Trindade, até o Domingo do Advento, a Igreja reflete dominicalmente, sobre sua missão no mundo, sobre seu testemunho e sobre sua vida em comunhão.
Por que um domingo dedicado à SS. Trindade? o que de fato se celebra nele? Geralmente as festas litúrgicas celebram fatos e memórias da fé cristã: assim, celebramos os eventos da vida de Jesus (Natal, Apresentação de Jesus no Templo, Epifania, Transfiguração, Paixão, Ressurreição, Ascenção); também celebramos a memória dos heróis e heroínas da Igreja (os santos e santas de Deus: Apóstolos, Mártires, Mestres, Testemunhas, a Mãe do Senhor) que inspiração e servem como modelo para o povo cristão; também celebramos a memória dos pioneiros da Igreja no Brasil. Entretanto a Festa da SS. Trindade é dedicada a uma afirmação de fé, a um fundamento básico da Fé Cristã.
Desde a Igreja Antiga essa doutrina é fixada no calendário litúrgico, isso porque trata-se do nosso fundamento de fé: sem a confissão da Trindade, o cristianismo poderia ser confundido com um politeísmo (três deuses). Na verdade, a doutrina sobre a Santíssima Trindade é o ponto de partida da Identidade Cristã, e é entendida  não como uma explicação racional sobre Deus, mas como contemplação de um Mistério!
Não cabe aqui uma discussão teológica  sobre a Santíssima Trindade. Mas cabe apresentar uma visão simples que nos ajude a contemplar esse Mistério. A doutrina da Trindade apresenta Deus como uma Família, uma comunidade; não um deus isolado, distante e solitário, mas um Deus amoroso, que se revela como Comunhão Amorosa, Solidário, e Relacional.
A Igreja Antiga entendeu que esse Deus. o qual se revela  amoroso e solidário em Jesus Cristo, pode ser percebido em três dimensões distintas mas essencialmente una. Na língua grega, usada pela Igreja Antiga, a Terceira Pessoa (Espírito Santo), é referida com uma palavra feminina: Haggion Pneuma, equivalendo ao hebraico também feminino Ruhar (Espírito de Deus, Sopro de Deus).
A língua latina, que acabou sendo adotada pela Igreja do Ocidente, tem a palavra Spiritus como masculino, e por isso nas línguas derivadas do Latim apresentam três seres masculinos como parte da Trindade… ( o ) Pai, ( o ) Filho e ( o ) Espírito Santo. Isso que pode nos fazer imaginar que o Deus Cristão é mais parecido com uma antiga barbearia – algo completamente masculino – que uma comunidade de amor partilhado.
Prefiro pensar a Santíssima Trindade como Deus Criador, Deus Palavra e Deus Cuidador: Deus o Pai, Deus o Filho, Deus a Mãe (Espírito Santo). O Deus que quer a Criação, a Palavra que faz a Criação e a Mãe que dela cuida.
Em Jesus, o Cristo, a Palavra se manifesta como parte da história humana, assumindo totalmente a nossa humanidade. Esse Deus amoroso permanece conosco na comunidade gerada pela Mãe (Espírito Santo), que no seu ímpeto feminino serve como Sopro Divinal, Real Consoladora, Divina  Instruidora (cf. Hino 98 , H.E.) soprando onde quer (Intuição), cumprindo a Obra de Salvação apresentada em Jesus o Cristo.
Por isso, a Trindade é celebrada não só como complexa doutrina teológica, mas principalmente como modelo básico do amor humano, o amor em comunhão: a masculinidade, a feminilidade e tudo aquilo que tal comunhão amorosa gera, e cuida (cf. Gênesis 1.26-27: “Façamos o Humano à nossa imagem, conforme a nossa semelhança […] homem e mulher os criou”). Note bem, não me refiro ao sexo masculino ou feminino, mas  identidade masculina e identidade feminina!
O Deus Tri-Uno é, portanto, o paradigma da comunhão que deve existir entre os cristãos. A Festa da Santíssima Trindade, assim como todo o tempo após o Pentecostes, nos convida para vivermos em comunhão – paz, solidariedade, compreensão, misericórdia – e atuarmos no mundo como missionários desse Deus Amoroso, Solidário, Deus-Comunhão!
Luiz Caetano, ost+
(inspirado em uma reflexão do Rev. Daniel Cabral)
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02 junho 2011

Jesus foi para ficar conosco!

jesasce10Celebramos a Ascensão do Senhor na quinta-feira anterior ao sétimo domingo da Páscoa. Dez dias após, é a Festa do Pentecostes, sobre a qual comentamos em nossa postagem anterior (“A Resposta vem chegando com o Vento”).
Costumamos imaginar a cena da Ascensão como Jesus subindo ao céu, decolando lentamente dum montículo de pedra… é uma imagem que nos foi legada pelos antigos, e na concepção deles, isso tem muito mais a ver com um símbolo – o Cristo ascende ao Céu e reassume o poder divino, que propriamente a um fato. Se pensarmos como fato, e de acordo com as leis que o Criador deu à natureza, se Jesus “subisse” na velocidade da Luz, estaria a uma distância de quase 2 mil anos-luz da Terra, ou seja, ainda estaria dentro de nossa galáxia, aqui pertinho. Ou seja, ainda estaria viajando, e como nós não sabemos a distância daqui para o Céu, ficamos sem saber se, neste momento, falta muito a chegar, ou seja, em nosso modelo cartesiano de compreender o Universo não cabe essa figura, ela é ridícula! Tampouco os antigos acreditavam nisso como “fato”. Afinal, o texto dos Evangelhos não é mera biografia de Jesus, mas uma confissão de Fé no Cristo de Deus manifesto em Jesus, o Cristo.
O que significa então essa afirmação do Credo, “subiu aos Céus”, que celebramos na liturgia como Dia da Ascensão, 40 dias após a Páscoa?
Os textos canônicos dos Evangelhos não trazem uma mesma narrativa. No Evangelho de João, nem há referência a isso; o evangelho termina bruscamente, com Jesus e seus discípulos comendo peixe assado por Ele. Lembremos que João começa com uma festa de casamento que ia acabar mas não acabou [cf. Jo 2.1-12]; e – curiosamente – termina com um churrasquinho de peixe entre amigos (!!!) e uma conversa particular com Pedro [cf. Jo 21].
No Evangelho de Mateus, há uma despedida, que acontece na Galileia, exatamente onde começou o ministério de Jesus; nessa despedida, Jesus se despede e envia os discípulos, referidos como Os Onze [cf. Mt 28.16-20]. O texto de Marcos é muito semelhante ao de Mateus, mas acrescenta ao final que “O Senhor Jesus, depois de lhes ter falado, foi recebido no céu e assentou-se à destra de Deus[cf. Mc 16.14-20].

19 maio 2011

A Resposta vem chegando com o Vento




“… veio do céu um barulho como o sopro de um forte vendaval, e encheu a casa onde eles se encontravam…. “ (Atos dos Apóstolos cap. 2)


O vídeo acima me fez lembrar da minha juventude, dos tempos de militância política e pacifista, especialmente contra a Guerra do Vietnam.  A música,  Blowing in the Wind, foi o grande sucesso de Woodstock, do sempre querido e lembrado Bob Dylan.

Depois de minha conversão, naquele mesmo tempo, essa música ganhou um sentido maior: ela me faz pensar no significado do Sopro de Deus, o Espírito, o Ruar de Javé, o Pneuma tou Theou.  O Vento de Pentecostes traz a Resposta de todo anseio humano: justiça, liberdade, paz, solidariedade, comunhão… O Vento traz a resposta e o chamado a uma nova perspectiva de vida, vida em abundância.

O Vento de Pentecostes – assim como à pequena comunidade assustada reunida em Jerusalém – nos incentiva a anunciar a Boa Nova, a presença de Deus no mundo, na História, como companheiro de caminho. 

Tal anúncio, entretanto, não é isento de riscos. A Boa Nova, anunciada especialmente aos pobres, aos simples, aos excluídos, aos mansos, não é boa para os adeptos do Príncipe deste Mundo, do Império cuja ganância e sede de poder a tudo engloba e absorve mantendo sua tirania através do culto ao deus Mamona (o dinheiro). As comunidades nascidas pelo fecundo sopro no Pentecostes em Jerusalém defrontaram-se com um Império poderoso… anunciavam um outro Senhor, que não aquele que se julgava senhor do mundo!

Ainda hoje, apesar de todas as contradições institucionais da Igreja de Cristo (em suas diversas maneiras de ser), é a Igreja movida pelo Sopro do Espírito, o Vento de Fogo Pentecostal, e continua anunciando a Boa Nova, o Deus-Conosco, apresentando ao mundo seu verdadeiro Senhor.  O Senhor que assumiu a Cruz! O Senhor Ressuscitado e presente! O Senhor que tem muitos redis, sendo a Igreja um deles…

No tempo da minha juventude, recente conversão, essa música servia de convocação para um novo mundo. Ainda fala ao meu coração… e me desperta o sentimento pentecostal sadio de deixar-me levar pelo Vento e sair por ai anunciando que um outro mundo é possível, onde o senhorio de Cristo não é tirano, mas carinho de Deus para todas as pessoas.

Logo estaremos celebrando o Pentecostes! Inicia-se o tempo litúrgico maior, quando a Igreja reflete – a cada liturgia dominical – nos feitos de Jesus, para aprender e refletir como seria a ação de Jesus hoje, como seria anunciar a Boa Nova em nosso tempo.

Espero não seja uma celebração burocrática, mas um Vento que sopre em nossas vidas renovando mais uma vez o velho sonho: justiça, liberdade,  paz, solidariedade, mansidão, partilha, perdão, misericórdia, comunhão – os grandes sinais do Reino de Deus.
Rev. Luiz Caetano, ost+

06 maio 2011

O Mestre Messias e o outro Messias Mestre

Mestre MessiasEu só vim a conhecer o Mestre Messias quando ele morreu. Na verdade, eu o via vez em quando, passando aqui pelas vizinhanças, mas não sabia quem ele era. É estranho conhecer alguém quando morre. Na verdade, você não conhece a pessoa, apenas vê seu cadáver, o corpo sem vida.
Mas eu o conheci pelo testemunho de seus muitos amigos que vieram ao velório, que aliás, aconteceu no templo da Paróquia. Na verdade, o Messias era pobre, sua família é pobre. Ele vivia de favor na casa de amigos; fizemos uma coleta para pagar seu funeral: serviços de funerária, caixão, cremação… (a Paróquia não cobrou nada, como é o costume).
Aconteceu assim: era bem cedo na manhã de uma segunda-feira, meu pretenso dia de folga, quando uma moça bateu à porta da casa paroquial provisória, e me explicou a situação. Um artista do bairro morrera no sábado, de ataque cardíaco, o corpo estava ainda no IML porque não tinham onde fazer o velório, perguntou se poderia ser feito no templo. Senti a angústia da moça, concordei e ela me ajudou a preparar o templo.
Na conversa fiquei sabendo que o Messias gostava do templo, e uma vez fez uma apresentação musical lá, há alguns anos. Aos poucos ela foi me falando sobre aquele senhor cujo corpo chegaria pela parte da tarde.
Durante o velório, quase a noite toda, o vai e vem de pessoas foi grande. Conversei com algumas. Fiquei sabendo que o Mestre Messias era pintor e músico, compositor, que havia ensinado muitas pessoas e por isso era chamado de Mestre.  De vez em quando chegavam alguns músicos e pediam licença para tocar algo composto pelo Mestre Messias; eu sempre concordava, fiel ao princípio anglicano da diversidade e respeito pela manifestação solidária daqueles que sofriam a perda do amigo, do mestre…
A cerimônia de Encomendação foi muito simples e emocionante, com muita música e oração, estando o templo decorado com muitos dos seus quadros. Uma semana depois, um grupo grande se reuniu novamente no templo, para o Ofício Memorial. Foi também emocionante.
Acabei me tornando conhecido, e até amigo, de algumas pessoas que tinham relações com o Mestre Messias. Foi por meio delas que fiquei sabendo muita coisa sobre o Mestre: sua vida, suas frases de efeito, seu carinho pelos discípulos, seus projetos de arte para crianças… cheguei a conhecer a história de alguns dos quadros que ele pintou.
No domingo passado, 1º de maio, aconteceu no Parque das Ruínas, aqui perto, uma homenagem especial ao Mestre Messias. Muita gente presente, música, dança, testemunhos… os amigos e discípulos celebravam a vida do Mestre Messias no mesmo lugar onde lançaram suas cinzas após a cremação. Ouvi novamente vários testemunhos, e cheguei até mesmo me surpreender dançando uma ciranda.
Hoje eu posso dizer que conheço o Mestre Messias dos Santos, e sei muito sobre ele, e o admiro como pessoa humana, pelo testemunho de seus muitos amigos e discípulos. E já falei dele para outras pessoas que não o conheceram…
O Mestre Messias me faz pensar em um outro Messias, que também era chamado de Mestre pelos discípulos e amigos. Esse outro Messias Mestre eu também conheci pelo testemunho de outras pessoas, que me falaram dele de muitas maneiras, contando sobre o que ele fez e faz.
Como o Mestre Messias, esse outro Messias Mestre é lembrado e celebrado pelos muitos amigos e discípulos todos os dias, e especialmente nos domingos. Como o Mestre Messias, esse outro Messias Mestre é uma pessoa que obriga a gente a tomar uma posição sobre ele: ou gostamos dele, ou não gostamos. Para muitas pessoas, um e outro são estranhos, suspeitos, e não se encaixam muito dentro de certos padrões moralista; para outras pessoas, são referencia de vida, motivo de celebração…
O Mestre Messias dos Santos me fez pensar muito no outro Messias Mestre, que é o Santo de  Deus. Conheci os dois, primeiro, pelo testemunho de outras pessoas, mas o outro Messias Mestre, o Santo de Deus, eu um dia o conheci pessoalmente, ele chegou até mim de surpresa, me pegou numa esquina da vida, e hoje posso até dizer o seu Nome: Jesus de Nazaré, o Cristo de Deus!
O Mestre Messias dos Santos não está mais entre nós, repousa na casa do Papai e da Mamãe do Céu, é parte da Comunhão dos Santos; com certeza já conhece o outro Messias Mestre, e talvez o tenha conhecido antes, como ovelha de algum dos diferentes currais que o outro Messias Mestre tem pelo mundo…
jesus_ressureicaoMas o Mestre Jesus, o Messias de Israel, o Cristo de Deus, está vivo, entre-nós, é Deus conosco, Emanuel.
Cabe à Igreja fazer como fazem os discípulos do Mestre Messias dos Santos: testemunhar o quão importante foi para eles conhecerem seu Mestre. A Igreja só tem uma missão no mundo: anunciar que o Messias Mestre está vivo, Ressuscitado entre nós, companheiro de caminho para quem quiser seguir ao Seu lado.
Você poderá encontrá-lo em alguma esquina da vida, Ele está Vivo e quer ser seu amigo! Ou poderá vir ao nosso templo, onde nós celebramos com Ele aos domingos, às 11h00...

Luiz Caetano, ost+
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